segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Dancing in the rain...

Perdi a conta ao número de vezes que assisti a este vídeo. Mostra que a condução tem mais em comum com a arte do que muitos pensam!

O video mostra Patrick Depailler em Montreal em 1978, com o Tyrrell 008 e o fabuloso Ford-Cosworth DFV como banda sonora. Não vale a pena dizer mais nada. O que vale a pena é ver o vídeo, e rever, e mostrar aos amigos, e ver novamente...

Caixas sequenciais para quê?

Continuando no tema da F1 dos anos 70/80, mais um video fabuloso, desta vez com Johnny Dumfries com o Lotus Renault John Player Special em Adelaide. Não tenho a certeza, mas penso que será em 1986, pois é feita referencia no video ao "Lotus 98T".

O que me deixa sem palavras neste video, é a velocidade com que Dumfries faz reduções! Em todo o video é visivel, mas gostaria de chamar a atenção para um momento em especial: aos 1:08 Dumfries, em 6ª velocidade e a mais de 300km/h, levanta o pé do acelerador; aos 1:09 minutos tira a mão do volante para começar a reduzir: e aos 1:11 minutos já está em 1ª velocidade!!!!

Interessante também é a última curva, aos 1:35 minutos. A saída da curva é feita em 1ª velocidade, e a subida de rotação do motor nesta mudança é, digamos, "normal", devido ao turbo-lag (atraso de resposta do turbo devido à sua inércia). Mas mantêm-se apenas por cerca de 1 segundo em 2ª, 3ª e 4ª velocidade, tal a força do V6 Renault! Só em 5ª se nota que o carro começa a colocar toda a potência no chão!




[F1] Ford GBA V6 Turbo

O vídeo seguinte possibilita-nos um raro vislumbre ao íntimo da F1 numa das suas épocas mais interessantes: a era Turbo. Em particular permite acompanhar o nascimento do Ford GBA V6 Turbo, um motor sem grande palmarés, mas ainda assim um motor muito interessante.

No Grande Prémio de Inglaterra 1977, a Renault fez alinhar um monolugar com motor V6 de produção, ao qual adicionaram um turbo. Apesar do desempenho inicial pouco animador, em 1978 o carro marcou os seus primeiros pontos. Em 1979, a Renault turbo tem a sua primeira “pole” e sua primeira vitória. Escusado será dizer, engenheiros de outras marcas, como Ferrari e BMW logo seguiram o exemplo e em 1981, já alinhavam também com motores turbo.

As regras de limitação da capacidade para motores turbo (1.5 litros, contra 3 litros dos atmosféricos) estavam claramente ultrapassadas (datavam de 1966, quando a tecnologia turbo era primitiva), mas continuaram a vigorar, segundo muitos mais um favorecimento do domínio francês da FIA a congéneres, neste caso a Renault.
Apesar disto, a Cosworth ainda dominava a F1, com o seu DFV atmosférico de 3 litros, e não avança de imediato para o desenvolvimento de um motor turbo. Até porque Keith Duckworth (da CosWORTH) sempre foi contra a ideia de turbos, pois achava que era uma violação das regras, ao considerar que “um turbo era um motor dentro do motor de combustão.” Se neste ponto pode haver discussão, quando a Ferrari incorpora um sistema de anti-lag Duckworth passa, na minha opinião, a estar coberto de razão! Ao injectar combustível na secção de escape do turbo o que a Ferrari criou foi efectivamente uma turbina a gás, o que era claramente proibido. Enfim, mas isso são questões legais.
A primeira tentativa da Cosworth, em 1983/84 foi baseado num bloco de 4 cilindros de série (à semelhança da Bmw), com um sistema de “turbo compound” – um turbo normal, e um outro alimentando a cambota através de uma transmissão CVT – mas este revelou problemas intrínsecos, visíveis no vídeo.
Depois de garantir o apoio financeiro da Ford EUA para um desenho a partir do zero, no final de 1984, começa a ser desenhado um V6 a 120º. Inicialmente verificaram-se alguns problemas com o bloco, mas depois de algumas revisões nasce um motor extremamente fiável, a debitar 1000cv em prova  e mais de 1200cv em qualificação. O motor surge na temporada de 1986, mas sem grande sucesso, muito por culpa da falta de competitividade do monologar da Beatrice.
O vídeo, dividido em 2 partes, é delicioso! A mestria da construção dos moldes em madeira para o bloco, os primeiros passos e dificuldades da electrónica, e o talento dos pilotos que conduziam estas bestas...