quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Good old times - 2

Nem de propósito, tendo em conta a última entrada.

Um grande vídeo da Drive com Chris Harris com, como ele diz "...cars that remind us when rallying as great!"

No vídeo Chris Harris tem hipótese de conduzir duas das lendas do Grupo B: Ford RS200 e Audi Sport Quattro. E é difícil pensar em dois pólos mais opostos desta classe mítica! O Ford basicamente um protótipo com matricula, o Audi um carro o mais fiel possível ao Coupé Quattro "civil".

Ford RS 200

Após a introdução do Escort Mk3, em 1980, a Ford começou a desenvolver uma versão especial, RWD, para participar no Grupo B, o Escort RS 1700T.




Falta de fiabilidade e competitividade ditaram o fim do projecto. Mas para não ser uma perda total, iniciaram um novo projecto, apresentado em 1984, com tracção integral, desenvolvido de olhos postos principais concorrentes Peugeot e Audi.

O Ford RS 200 tinha um design, desenhado pela Ghia contruido pela Reliant, curiosamente , totalmente diferente dos produtos Ford da altura, com carroçaria era em fibra de vidro. O chassis foi desenhado por Tony Southgate e John Wheeler e era dito como o mais equilibrado dentre a concorrência, com duplos triângulos sobrepostos e conjuntos amortecedor-mola duplos nas 4 rodas.
O motor estava montado em posição longitudinal-central, e para ajudar a uma distribuição de pesos óptima a transmissão estava na frente do carro, o que criava um esquema de transmissão algo confuso...

Esquema de transmissão Ford RS 200

O motor era um Ford/Cosworth "BDT" (evolução do famoso BDA dos Escort anteriores) com 1.8l de capacidade, com modestos 250cv em "road trim" graças a um turbo Garret T3 e injecção Motronic Bosh. A potência subia para 350 a 450cv nos modelos de competição. 
Mais tarde, e aproveitando o regulamento da FIA, a Ford fez 20 versões Evolution, com alterações de suspensão e com um motores BDT-E, com 2.1l de capacidade com potencias entre os (conservadores) 500cv e os 800cv.

Infelizmente, não houve muita hipótese de evolução e amadurecimento do Ford RS 200 com o fim do Grupo B em 1986, impulsionado por um acidente precisamente com o RS 200 em Portugal, em que morreram 3 espectadores. 




Audi Sport Quattro

O Audi deriva directamente do Audi Quattro de produção, e é resultado da ameaça crescente ao domínio da Audi, por parte da Peugeot e da própria Ford com o desenvolvimento do RS 200.

A diferença mais visível do Sport Quattro é a redução da distância entre eixos, 32cm mais curto que o Quattro original. Fibra de Carbono e Kevlar foram também introduzidos para reduzir o peso, sendo as alterações estéticas da autoria de Peter Birtwhistle, onde se destacam os enormes alargamentos que albergam jantes Ronal 15x9".

O motor é o fabuloso 5 cilindros, 20 válvulas aspirado, que vira a sua capacidade ligeiramente reduzida (2144cc para 2133cc) para cumprir a regra de 3l  de capacidade imposta pela FIA (com um factor de multiplicação de 1.4 para motores aspirados).
Nas versões de estrada atingia 306cv, mas nas versões de competição começou a sua evolução com 450cv.





Ouve também evoluções face ao Quattro "normal" a nível de suspensões e travões mas, como é dito no vídeo, junto do RS 200, o Sport Quattro parece um carro normal, o que não tira o mérito ao Sport Quattro, muito pelo contrário, que tendo uma base quase arcaica (e com o handicap daquele enorme motor "pendurado" à frente do eixo frontal)  face aos concorrentes  Lancia, Peugeot e Ford, que eram praticamente protótipos construídos de raiz e pensados para o Grupo B, conseguiu resultados invejáveis. 

Resumindo, dois carros muito diferentes mas que lembram uma época gloriosa. Trágica também, sim, mas uma época cheia imagens e sons inesquecíveis, de máquinas inspiradoras, homens e mulheres (a grande Michele Mouton ) de uma coragem incrível!

Grupo B, um tema que certamente será recorrente aqui no Oversteering...

E agora o vídeo: 


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

The good old times

Apenas um curto texto para relembrar uma época em que os construtores de automóveis não se davam por satisfeitos, e que como tal deu origem a carros lindíssimos.
O mais fascinante é que isto aconteceu com carros "normais".
Exemplos, da mesma marca, Lancia, da qual se poderiam dar bem mais!

Lancia Flavia.



Apresentado na feira de Turim de 1960 como uma elegantíssima  e avançada (tracção frontal, discos de travão nas 4 rodas, motor boxer) berlina, não tem de esperar muito até que em 1962 seja apresentada a versão Coupé desenhada e construída por Pininfarina com linhas arrebatadoras.





No mesmo ano de 1962 Zagato apresenta a sua interpretação do Flavia Coupé. Concentrados na leveza e aerodinâmica do conjunto, Zagato apresenta um Coupé com um desenho inovador (da autoria de Ercole Spada, na altura a trabalhar na Zagato) e duma beleza inequívoca.
A construção em alumínio e a utilização de plexiglas nos vidros laterais garantia uma redução de 100kg face ao coupé Pininfarina.







O mesmo aconteceu com outro brilhante Lancia, o contemporâneo Fulvia.

Apresentado em Genebra em 1963, utilizava a mesma base (se bem que mais curta) e layout mecânico, mas substituindo os motores boxer pelos míticos V4.


Dois anos mais tarde, também em Genebra, é apresentado o belíssimo Fulvia Coupé.









Na próxima foto é visível a fabricação de um Fulvia HF, reconhecível pelas portas e capot (e tampa da mala também, mas que não é visível na foto) em alumínio, para maior leveza.

Mais uma vez, como se não fosse suficiente a beleza e as performances do pequeno Fulvia, Zagato é novamente chamado a produzir uma criação sua com a base do Fulvia.


O Lancia Fulvia Zagato é apresentado em 1965, com carroçaria em alumínio e um desenho deslumbrante.

Publicidade da época 






O extremo desta multiplicidade de versões "para todos os gostos" é patente no Flaminia, apresentado em 1957.




À belíssima berlina desenhada por Pininfarina, junta-se nada mais nada menos que 3 variantes de Coupés, por Pininfarina, Zagato e Touring, e um Cabriolet pela ultima.

Coupé Pininfarina, com 4 lugares, feito uma base 120mm mais curta que a berlina:



Flaminia GT, pela Touring, usando uma base ainda mais curta (menos 350mm que a berlina), sendo apenas um 2 lugares.
O Cabriolet era basicamente o mesmo carro, sem tejadilho.



Flaminia Sport, pela Zagato, com a sua tradicional carroçaria em alumínio, e com um desenho fabuloso.





Publicidade de época

Poderia estar aqui a falar de todas as particularidades de cada um dos modelos, mas o que me fez escrever sobre estes carros foi a estética. A perseguição que marcas como a Lancia fez para a conquista da elegância e beleza... Uma época em que os carros não eram desenhados por "focus groups" de clientes alvo, não eram uma "mediana de preferências", mas sim uma construção puramente estética, ou quanto muito estética e aerodinâmica.


Já passamos por fases mais estéreis no design automóvel. Ao fim de 15, 20 anos com muito poucas fontes de inspiração e desejo no mercado automóvel (mais uma vez falo de carros "normais", não supercarros), hoje volta-se a ter criações que nos fazem novamente suspirar... Mas, e com grande mágoa o sinto, nunca mais viveremos uma época dourada de design automóvel. A personalização, a exclusividade das versões verdadeiramente especiais (não as que o dizem ser porque têm alguns autocolantes e um desenho de jantes diferentes)...

Resumidamente, we have to remember thegood old times...